Simone e Soraya fazem história e colocam mulheres de MS no radar nacional
Senadoras sul-mato-grossenses encaram desafio de disputar o comando do País
Por Jéssica Benitez (Campo Grande News)
Nunca houve no radar nacional chapas lideradas por dois sul-mato-grossenses na corrida pela Presidência do País. E em 2022, quem escreve essa história são duas mulheres. No protagonismo estão as senadoras Simone Tebet (MDB) e Soraya Thronicke (União Brasil). Separadas partidariamente, elas contrariam juntas quem insiste em reduzi-las a candidaturas figurativas. A primeira representa um dos maiores partidos do Brasil e a segunda vai administrar dinheiro alto durante a campanha.
Soraya tem em mãos o fundo partidário mais recheado dentre as siglas, somando R$ 782 milhões. Simone, além de todo o histórico de destaque que galgou desde que foi eleita deputado estadual em 2002, até seu mandato que conclui como senadora este ano, ela dá rosto à chapa majoritária de um dos mais respeitados antigos partidos brasileiros, o MDB.
Mas, se a carreira foi de ascensão para as senadoras sul-mato-grossenses, os números vêm na contramão quando o assunto é mulher na política em Mato Grosso do Sul. Para se ter ideia, aqui no Estado nenhuma mulher foi eleita para Assembleia Legislativa em 2018. A única parlamentar presente hoje na Casa de Leis é Mara Caseiro (PSDB), que tomou posse em 2019, após o deputado Onevan de Matos (PSDB), de quem era suplente, morrer vítima da covid-19.
Em Campo Grande o cenário é basicamente o mesmo. Das 29 cadeiras que compõem a Câmara Municipal, apenas uma é ocupada por mulher. Camila Jara (PT) foi eleita com mais de 3 mil votos em 2020 e tenta eleição para Câmara Federal este ano.
Segundo dados divulgados pela SPPM (Subsecretaria de Políticas Públicas para Mulheres) nas últimas eleições municipais apenas 18,8% dos eleitos para as Câmaras Municipais em Mato Grosso do Sul são mulheres, ou seja, dos 838 vereadores, 164 são mulheres. Além disso, dos 79 municípios, apenas cinco eram comandados por prefeitas. O número passou para seis quando Adriane Lopes (Patriotas) assumiu a Prefeitura de Campo Grande.
Brasília – A paridade nas bancadas de Brasília é um pouco maior se a proporção for levada em consideração. Entre os oito deputados federais eleitos em 2018 estão Rose Modesto (União Brasil) e Tereza Cristina (PP). Já no Senado das três cadeiras, duas são ocupadas por mulheres que são justamente Simone Tebet e Soraya Thronicke.
Em todo o Brasil foram eleitas 651 prefeitas contra 4.750 prefeitos em 2020. Nas câmaras municipais foram 9.916 vereadoras para 48.265 vereadores. Antes, em 2018, foram eleitas 290 deputadas federais para 1.790 deputados federais. Os dados são do TSE (Tribunal Superior Eleitoral).
Além disso, dos 156,4 milhões de eleitores brasileiros, 82,3 milhões (52,6%) são do sexo feminino. No Estado, segundo dados do TRE-MS (Tribunal Regional Eleitoral de Mato Grosso do Sul), são 1.010.882 eleitoras (52,7%) e 905.661 (47,2%) eleitores, diferença de 105,2 mil entre homens e mulheres.
Simone – Junto com a senadora Mara Gabrilli (PSDB-SP), que foi oficializada candidata a vice-presidente nesta terça-feira (2), a emedebista resumiu ao falar sobre a chapa 100% feminina, “já estamos fazendo história”.
Filha do finado senador Ramez Tebet, Simone começou como deputada estadual, depois ficou por dois a frente da prefeitura de Três Lagoas, foi vice-governadora do Estado ao lado de André Puccinelli (MDB) e eleita senadora em 2014. Em oito anos de Senado, presidiu a CCJ (Comissão de Redação Constituição e Justiça) principal comissão da Casa de Leis e foi a primeira mulher a disputar o comando da Mesa Diretora no biênio 2019-2020.
Perfil – Soraya, que é advogada e natural de Dourados, Mato Grosso do Sul, se elegeu senadora em 2018 quando era do PSL, que após fusão com o Democratas se tornou o União Brasil. À época o partido era o mesmo do presidente Jair Bolsonaro, fato que a ajudou nas urnas.
A “amizade”, porém, desandou logo no início do mandato quando ela começou a criticar a direita extrema e perdeu apoio dos mais fieis. Mesmo longe da “onda” bolsonarista, a parlamentar é defensora do liberalismo econômico e do direito de propriedade.