Senador contra a dengue
Projeto Wolbito em Casa vem sendo adotado, em Campo Grande, desde dezembro de 2020; parlamentar sul-mato-grossense compartilha, no Senado, experiência no combate ao aedes aegypti
O senador Nelsinho Trad (PSD/MS) destacou, em plenário no Senado Federal, o Projeto Wolbito em Casa, estratégia inédita no mundo contra dengue, adotada pela Secretaria Municipal de Saúde em Campo Grande desde dezembro de 2020. Com o alerta do parlamentar sobre sua preocupação com as doenças epidemiológicas enfrentadas no Brasil, o assunto ganhou a atenção dos senadores. “Uma dessas doenças — um dos mais sérios problemas de saúde pública em nosso país — chama-se dengue. Neste ano, até a semana epidemiológica de número 24, em meados de junho, nosso país já computava quase 1 milhão e 200 mil casos prováveis de dengue — um aumento de quase 200% com relação à mesma semana no ano passado — e mais de 500 mortes”, disse o senador.
O senador Nelsinho Trad recordou as ações do secretário de Saúde de Campo Grande, José Mauro de Castro Pinto, em parceria com a Fiocruz e a Secretaria de Estado de Saúde (SES) para combater a dengue. “Levando em conta todas as doenças e todo o mal causado pelo Aedes aegypti, imaginem a seguinte cena: 3 mil crianças, alunos de uma rede municipal de ensino, cultivando e soltando centenas, milhares de Aedes pelas ruas de uma cidade. Uma nuvem de pernilongos pretos, com pernas, cabeça e tronco listrados de branco, confraternizando com a população local de mosquitos e produzindo milhares, milhões de novos pernilongos. Parece um pesadelo; mas, na realidade, trata-se um sonho. Um sonho que está sendo realizado em Campo Grande, capital do meu Estado, Mato Grosso do Sul, em colaboração com a Fiocruz, o Ministério da Saúde, a Secretaria de Estado de Saúde, a Secretaria Municipal de Saúde e a World Mosquito Program (WMP).”
Essa experiência começou em 2020. “Trata-se de uma técnica microbiológica avançada, inovadora, que consiste em introduzir, nas cidades, mosquitos nos quais os cientistas inocularam uma bactéria chamada Wolbachia. Esses mosquitos interagem com os mosquitos locais e, em poucas semanas, boa parte dos aedes da região torna-se também portadora da bactéria”, destacou o parlamentar em seu discurso.
O senador Nelsinho Trad, que é médico, explicou que, em condições normais, a Wolbachia está presente na maioria das espécies de insetos, mas não no Aedes. Quando o Aedes é inoculado com a Wolbachia, ele se torna resistente à infecção pelos vírus da dengue, zika e chikungunya, e praticamente não os transmite mais. E a bactéria, de outra forma, é completamente inócua, tanto para eles, mosquitos, quanto para nós, humanos.
Neste ano, de janeiro até agosto, foram registrados 12.721 casos de dengue em Campo Grande. Em julho, houve redução de 65% em relação ao mês anterior, segundo dados da Sesau. “A se observar, em Campo Grande, resultados semelhantes aos já observados no norte da Austrália, na Indonésia, ou mesmo em Niterói, no Rio de Janeiro, seremos testemunhas de um passo histórico na saúde pública brasileira. Um passo que demorou mais de um século para ser dado, mas que, finalmente, com determinação, criatividade e apreço pela ciência, será dado pelos campo-grandenses; e com a participação inédita de uma geração que, queira Deus, poderá crescer livre das ameaças recorrentes da dengue, da chikungunya e da zika”, comentou o senador Nelsinho Trad.
(Foto: Sheyla Leal)