Pesquisa da UEMS mostra chipa como fator de desenvolvimento local na fronteira

Pesquisa da UEMS mostra chipa como fator de desenvolvimento local na fronteira

Ela pode ser encontrada nos mais variados formatos:  como a argola,
losango, meia lua ou ferradura, alongada, trançada e até na forma de
animais, além disso suas variações podem ser encontradas recheadas com
carnes, queijos e doces. A chipa é um tipo de pão, semelhante ao pão de
queijo mineiro, é um dos pratos típicos mais conhecidos da fronteira de
Mato Grosso do Sul com o Paraguai, junto a sopa paraguaia, sendo a chipa
notada como a mais explorada para a finalidade de comércio.
Percebendo isso, a autora Beatriz Dutra dos Santos produziu o trabalho
intitulado “A culinário típica da fronteira: a chipa como fator de
desenvolvimento local”, sob orientação da Prof.ª Dr.ª Dores Cristina
Grechi, no Mestrado em Desenvolvimento Regional e Sistemas Produtivos,
da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS) em Ponta Porã.
Na fronteira entre Ponta Porã-MS e Pedro Juan Caballero-PY culinária
típica é carregada de tradições da cultura alimentar tanto dos povos
indígenas como dos colonizadores espanhóis, com a presença de derivados
do milho e da mandioca. Beatriz Dutra dos Santos ressalta que a chipa é
a mais explorada no comércio, pois é um produto com baixa
perecibilidade, baixo custo de produção, preço de venda acessível,
agradável ao paladar dos consumidores.
“Se a culinária da fronteira ou a venda da chipa constituem em um bom
negócio, a resposta é a que sim, foi possível identificar que por meio
dessa atividade outras vão surgindo, outros negócios, outros produtos,
trata-se de uma atividade rentável que gera recursos com a finalidade de
prover o sustento das famílias locais, pagar as contas. Os ganhos com a
venda da chipa geram investimentos em qualidade de vida, acesso à
educação, na aquisição de bens imóveis e abertura de novos
empreendimentos, as oportunidades existem para todos, no entanto apenas
a categoria das Microempresas manifestaram interesse em incrementar
novos produtos”, destaca a pesquisadora.
Para a pesquisa foram identificados vinte e um produtores e vendedores
de chipa que comercializam o produto na fronteira entre as duas cidades,
Ponta Porã-MS e Pedro Juan Caballero-PY. Para o trabalho foram criadas
as categorias Microempresas; Ñas (senhoras que produzem e vendem a
chipa) e Terceirizadas. A autora ressalta que existem muito mais pessoas
que produzem e vendem a chipa, mas este mapeamento precisará ser feito
numa etapa futura da pesquisa, uma vez que neste primeiro estágio
estabeleceu-se a estratégia de ser uma pesquisa exploratória. “O que já
deu pistas importantes para entender a relação deste produto típico com
a geração de renda e trabalho. Foi possível constatar que há
preponderância na participação de mulheres, a escolha por vender a chipa
está associada à falta de emprego, pois essas mulheres exercem o papel
de chefe de suas famílias provendo o sustento das mesmas”, disse.
Verificou-se que o ganho com a venda da chipa depende mais de outros
aspectos do que do grau de instrução das pessoas envolvidas com a
produção e venda. A este respeito observou-se que a pessoa que vende
mais, adota uma estratégia de venda diferenciada, é dada uma atenção
especial ao consumidor, há uma conversa preliminar à venda, há uma
interação entre vendedor e consumidor e uma diversidade de preços, o que
faz com que todos possam comprar a chipa.
A produção artesanal é a que gera maiores ganhos para a categoria das
Ñas (senhoras que produzem e vendem a chipa), que fazem um produto com
características diferenciadas, qualidade percebida pelo consumidor e
sabor diferenciado, o que dá à chipa uma característica única.
A compra dos ingredientes para a produção da chipa gera também uma
relação direta com pequenos produtores. “Percebe-se que a agricultura
familiar desempenha um papel importante na preferência dos
entrevistados, enquanto fornecedor de matéria-prima, desenvolvendo uma
relação entre a utilização dos mesmos ingredientes como forma de manter
o sabor”, relatou Beatriz Dutra dos Santos.

Eduarda Rosa, Uems

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *