Portal da Rota Bioceânica, Porto Murtinho terá investimentos de R$ 400 milhões em novos terminais portuários
Com a Rota Bioceânica a todo vapor, a cidade de Porto Murtinho deverá
ganhar mais dois novos portos no município com investimentos que superam
R$ 400 milhões. O projeto mais adiantado é da Docas Fluvial de Murtinho,
que já está autorizado na Antaq (Agência Nacional de Transportes
Aquaviários). O outro que está sendo viabilizado é o de Porto Saladero.
Além desse projeto, outros grupos estudam empreendimentos, e já
adquiriram áreas próximas ao terminal do Governo.
“Os empreendimentos são de empresas com amplo conhecimento de navegação
do rio Paraguai, com outros terminais portuários ao redor do Brasil e do
mundo. Ou seja, tem bastante expertise de escoamento por via marítima”,
salientou o secretário de Meio Ambiente, Produção, Desenvolvimento
Econômico e Agricultura Familiar (Semagro), Jaime Verruck.
O investimento da Docas Fluvial de Murtinho será acima de R$ 100 milhões
na construção de um terminal de granel sólido (para produtos agrícolas,
fertilizantes e insumos) com capacidade de movimentar mais de 2,2
milhões de toneladas no ano.
A previsão é gerar 450 empregos diretos e indiretos. A empresa já possui
área de cinco hectares na barranca do rio Paraguai onde vai construir as
linhas de carregamento, três silos de 15 mil toneladas cada e um armazém
para 35 mil toneladas de fertilizantes. O grupo já opera outros três
portos (dois no Uruguai e um no Paraguai) e é dono de uma das maiores
frotas de navios tanques, barcaças e empurradores em navegação na
hidrovia.
“Estes portos vão diversificar nichos de produtos de exportação e
importação. A ideia é movimentar mercadorias variadas. A tendência é
fazer um ou dois terminais para grãos e outros voltados para
combustíveis, fertilizantes e produtos de valor agregado”, salientou o
secretário.
Operação
De acordo com o assessor de logística da Semagro, Lúcio Lagemann,
atualmente em Murtinho existem dois terminais: um privado da FV Cereais
e o da APPM (Agência Portuária de Porto Murtinho) do Governo do Estado
que estava arrendado mas foi retomado.
A FV Cereais movimentou 218,1 mil toneladas principalmente de soja e
milho. Mesmo assim, o grupo aposta na concretização do Terminal
Portuário diante da necessidade de escoamento de grãos que segue por uma
crescente de 5% a 6% ao ano. O Grupo FV Cereais viu a oportunidade de um
novo corredor logístico para sanar parte da falta de estrutura no
escoamento das safras de grãos.
O terminal ocupa 26 hectares de área útil, sendo 500m de frente para o
Rio Paraguai. A estrutura construída trabalha com uma capacidade
estática de 30.000 toneladas e a capacidade de fluxo de embarque de
1.000 toneladas por hora para o transbordo de soja, milho e açúcar.
A segunda fase do projeto será a importação de fertilizantes, aumento da
capacidade para soja e milho, além da ampliação de possibilidades em
diversos outros segmentos de produtos. Nesta etapa, a expectativa de
Capacidade Operacional é movimentar dois milhões de toneladas de grãos
anualmente.
No ano passado as movimentações nos portos de Mato Grosso do Sul
sofreram queda nos valores exportados a partir de 2019, chegando a 50%
dos valores de 2021 em comparação aos valores movimentados em 2018 e
totalizaram pouco mais de US$ 156,8 milhões. Em Porto Murtinho foram
movimentados de março a outubro pouco mais de 13 mil toneladas. Mas isso
ocorreu por conta dos problemas climáticos e a paralisação da navegação
pela hidrovia com a estiagem desde outubro. Apenas em janeiro, a
movimentação ainda bastante abaixo da normalidade foi retomada.
Brasil
Em 2013, com a nova Lei dos Portos (12.815), caiu a exigência de que
novos terminais privados movimentassem predominantemente cargas
próprias. Ficou liberada, assim, a movimentação de cargas de terceiros.
Nos cálculos do Ministério da Infraestrutura, a prateleira de terminais
privados atualmente à espera de autorização chega a 53 projetos e prevê
aportes de R$ 38,8 bilhões. “O Estado deixa de ser a amarra para o
investimento. O desafio do investidor passa a ser o licenciamento
ambiental e a viabilidade econômica do projeto. Está nas mãos dele
resolver”, avalia o secretário nacional de Portos, Diogo Piloni.
Rosana Siqueira, Semagro
Foto: Edemir Rodrigues